“Eu creio no cristianismo, assim como creio que o sol se levantou; não porque eu o vejo, mas porque por ele vejo todas as demais coisas”.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A arte do desaforo

VERSÍCULO:
  “Se alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica.” Lucas 6:29b

PENSAMENTO:
  Alguns dizem que a Palavra de Deus é antiquada. O que poderia ser mais atual do que um conselho de como agir num assalto! Não é isso que os policiais nos aconselham - não reagir? O ponto não é que nossos pertences não valem nada, nem que alguns, pela sua condição social, ganharam o direito de roubar. O ponto é que os súditos do Reino sabem escolher o que é realmente valioso. Apesar da injustiça e da provocação de criminosos ou perseguidores, há coisas mais importantes do que nossos bens. Há momentos para procurar as autoridades e buscar justiça. E há momentos em que resistir ou reagir ao mal trará perdas maiores ainda. Lembramos as palavras daquela pessoa que refletiu sobre o que não perdeu num assalto. Alguém que sofreu um assalto certa vez fez uma valiosa observação: ele notou que o ladrão levou sua carteira, mas, não sua vida; seu dinheiro, mas, não sua alma. E graças a Deus era o outro que roubava, e não ele. Deus nos abençoou de modo que aquilo que temos de mais valioso ninguém pode roubar (João 10:28-29). Há situações em que a melhor forma de guardar talvez seja abrindo mão de todo o resto.

ORAÇÃO:
  Santo Deus, o incômodo que nós sentimos com a perda de algum bem ou posse não se compara à perda que o Senhor teve por nossa causa. Obrigado por estas palavras sábias e prudentes de Jesus. Que possamos lembrá-las nos momentos imprevistos quando mais precisamos. Proteja, ó Pai, seus filhos neste mundo tão perverso. Proteja-nos. O Senhor é a nossa proteção. Não temos nenhum outro. Em nome de Jesus oramos. Amém.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Bem aventurados os que sofrem....

Bem-aventurados serão vocês, quando os odiarem, expulsarem e insultarem...”  -- Lucas 6:22

PENSAMENTO:
  A epístola a Diognetus do segundo século descreve Cristãos assim: "Eles amam todos os homens, no entanto, são perseguidos por todos... Eles são mortos, mas, recebem vida. Eles vivem na miséria, mas, trazem riqueza a muitos... são caluniados, mas, abençoam; são
insultados, mas, respeitam. Fazendo o bem eles são punidos como malfeitores, sendo punidos eles regozijam, como se fossem revigorados." Se você não sofre por Cristo hoje, saiba que muitos dos seus irmãos sofrem. Pode ser um discípulo num país que reprime o Cristianismo. Pode ser um Cristão numa família mundana ou que só aceita certa "linha" de doutrina. Seja qual for o caso, há irmãos nossos que sofrem e são excluídos por causa de Jesus. Lembre deles
em suas orações e ore a Deus para que sejam cada vez mais fiéis a Jesus. Ore para que saibam o quanto Ele os ama e quão grande é o tesouro que os espera.

ORAÇÃO:
  Pai Santo, sou grato que nem eu nem minha família sofremos por seguir a Jesus. Mas, eu rogo por meus irmãos que sofrem perseguição e insultos por causa de Cristo. Fortaleça-os e proteja-os. Que estas palavras de Jesus sejam uma fonte de inspiração e coragem para eles. Em nome do Rei oramos. Amém.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Palavra Final de Deus






Nós, cristãos, temos uma tendência notável de focalizar quase exclusivamente o fruto do problema. Fazemos isso como pais ao lidar com nossos filhos; os pastores, com os membros da igreja; os maridos, com sua mulher; e as mulheres, com seu marido. Fazemos isso com nós mesmos. Por outro lado, o evangelho sempre trata das raízes do problema. E a raiz do problema não é o mau comportamento. O mau comportamento é o fruto de algo mais profundo.

Harold Senkbeil identifica corretamente nosso verdadeiro inimigo: a morte. Em outras palavras, os pecados são o fruto de um problema mais profundo, um problema que somente Deus pode resolver. A morte é a raiz do problema.

"Isto parece bom", ela pensou consigo mesma. Aquele fruto lustroso – ele clamava por ser comido, por ser desfrutado. E que experiência ampliadora seria esse desfrute – o conhecimento do bem e do mal, o Poderoso havia dito. Como ele poderia querer menos do que o melhor para os seus?
"Meu marido e eu seremos como o próprio Deus?", ela pensou. "Ora, como isso pode ser tão mau?"
A serpente foi sensata: era muito melhor conhecer o bem e o mal do que conhecer apenas o bem.
"Tome, coma um pouco." Ela passou o fruto suculento para o seu marido.
"É muito bom. Aliás, Adão, você sabe o que Deus queria dizer com a palavra – eu acho que era – ‘morrer’?"

Todo comportamento pecaminoso – até nos cristãos – tem sua origem na morte que aconteceu no Éden. Tratar do comportamento sem lidar com a morte é perpetuar a morte. Os fariseus eram mestres nisso, e Jesus os chamou de "sepulcros caiados". Muitos de nós, cristãos, somos culpados de cometer esse mesmo erro. Tendemos a pensar no evangelho como o programa de Deus para tornar pessoas ruins em pessoas boas e não para tornar pessoas mortas em pessoas vivas. O fato é que Jesus veio primeiramente para realizar uma ressurreição da morte e não uma reforma moral – como sua própria e ressurreição demonstram.

A seguinte citação foi extraída do excelente artigo de Senkbeil publicado no livro Justified: Modern Reformation Essays on the Doctrine of Justification(Justificado: Ensaios Reformados Modernos Sobre a Doutrina da Justificação):

Muitas pessoas acham que o dilema humano é que nossas vidas estão fora de ajuste; não satisfazemos as expectativas de Deus. Portanto, a salvação se torna um questão de reorganizar nossas prioridades e ajustar nosso estilo de vida para corresponder com a vontade de Deus. Em sua forma mais grosseira, este erro leva as pessoas a pensarem que merecem sua própria salvação. Mais freqüentemente, no mundo evangélico contemporâneo, o erro tem um disfarce mais sutil: armado com perdão por meio de Jesus, as pessoas são instadas a praticar técnicas e princípios que Cristo ensinou para colocarem novamente seu estilo de vida em harmonia.

É verdade que vidas pecaminosas estão fora de ajuste. Todos nós necessitamos do poder santificador do Espírito. Mas isso vem somente depois que nosso verdadeiro problema é resolvido. Os pecados são apenas o sintoma; o nosso verdadeiro dilema é a morte.

Deus advertiu Adão e Eva de que o conhecimento do mal viria a um preço elevado: "No dia em que dela [da árvore do conhecimento do bem e do mal] comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17). Nossos primeiros pais quiseram ser como Deus e se mostraram dispostos a pagar o preço. E ainda estamos pagando o preço: "O salário do pecado é a morte" (Rm 6.23); "Em Adão, todos morrem" (1 Co 15.22); "Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados" (Ef 2.1).

O verdadeiro problema que enfrentamos é a morte. A morte física, com certeza. Mas, em última análise e mais horrivelmente, a morte espiritual – ser separado de Deus para sempre. E todos têm de morrer. Você pode morrer sozinho ou morrer em Jesus.
Em sua morte, Jesus Cristo absorveu a nossa morte e ressuscitou triunfantemente para remover todo o poder do sepulcro. Na promessa da ressurreição, a morte perde seu poder. Quando morremos com Jesus, nós vivemos realmente!
A santificação consiste da compreensão diária de que em Cristo morremos e de que em Cristo ressuscitamos. Mudança de vida acontece à medida que o coração assimila diariamente a morte e a vida. Reforma diária é o fruto de ressurreição diária. Entender isso de outra maneira (o que sempre fazemos por costume) significa perder o poder e o principal ensino do evangelho. Em seu livro God in the Dock (Deus no Banco dos Réus), C. S. Lewis deixa claro o argumento de que "você não pode conseguir as coisas secundárias por colocá-las em primeiro lugar; você consegue as coisas secundárias somente por colocar as coisas prioritárias em primeiro lugar". O comportamento (bom ou mau) é uma coisa secundária.

Em nossos dias, espera-se que os pregadores sejam especialistas em "renovação moral cristã". Espera-se que eles ofereçam listas de "faça isto", em vez de anunciarem: "Está consumado". Espera-se que eles façam alguma outra coisa "mais do que" expor aos olhos de suas congregações a obra consumada de Cristo, pregando uma absolvição total baseada tão-somente na justiça completa de Outro. Evidentemente, a ironia é que a renovação moral não acontece mesmo quando os pregadores seguem essa pressão. Focalizar-me no como estou fazendo mais do que naquilo que Cristo fez é narcisismo cristão (um oximoro, se já ouvi um oximoro) – o veneno da auto-absorção que destrói o poder do evangelho em nossa vida. Marinho Lutero comentou que "o pecado que está por trás de todos os nossos pecados é a mentira da serpente de que não podemos confiar no amor e na graça de Cristo e de que temos de tomar as questões em nossas próprias mãos".

Em outras palavras, a renovação moral é refocalizar nossos olhos, removendo-os de nós mesmos e fixando-os na obediência daquele Homem, na cruz daquele Homem, no sangue daquele Homem – na morte e na ressurreição daquele Homem!
"Em meu lugar, condenado ele foi e com seu sangue meu perdão selou – aleluia! Que Salvador!"

Aprender a amar diariamente esta troca gloriosa, descansar em sua completude e viver sob a sua bandeira é o que significa ser moralmente reformado!


William Graham Tullian Tchividjian é o pastor da Igreja Presbiteriana Coral Ridge em Ft. Lauderdale, Florida. É professor visitante de Teologia no Reformed Theological Seminary e neto do conhecido pregador e evangelista Billy Graham. É formado em filosofia pela Universidade de Columbia e obteve seu M.Div pelo Reformed Theological Seminary. Tullian é autor de vários livros e contribui como um dos editors do jornal Leadership Journal. Ele é preletor em diversas conferência teológicas nos EUA e faz um programa de rádio, com meditações e pregações. É casado com Kim, com quem tem três filhos Gabe, Nate, e Genna.

A Fé Como Um Dom



por Dr. Sinclair Ferguson

Isso é ainda mais enfatizado no Novo Testamento pelo fato de a fé ser um fruto do ministério do Espírito e ser vista no Novo Testamento como um dom de Deus. Aqui, também, há uma evidente tensão entre a atividade do Espírito e a resposta humana. Paulo provê para nós uma importante perspectiva neste aspecto, delineando uma analogia ulterior entre crer e sofrer: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crerdes nele” (Fp 1.29). O sofrimento, como a fé, é um dom da graça na experiência cristã. Mas o dom do sofrimento não nos é dado convenientemente como um fait accompli. Quem sofre somos nós, não Deus. Não obstante, esse sofrimento é um dom procedente dele. De uma forma paralela, a fé não é um pacote posto em nossas mãos. É a atividade do homem como um todo, direcionada pelo Espírito para Cristo. Deus não crê por nós, nem em nós; nós é que cremos. Todavia, é somente pela graça de Deus que cremos. Seu dom é simultaneamente ato nosso.

O texto clássico em relação a isso é Efésios 2.8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Há aqui um problema exegético bem notório: qual é o antecedente de “isto”, e, portanto, o que exatamente constitui o dom?

Para o leitor casual, “fé” se lê como o antecedente natural (é o antecedente imediato). Mas “isto” (touto) é neutro, enquanto ambos os antecedentes prévios são femininos (charis, “graça”, e pistis, “fé”); assim também “salvação” (soteria), que pode ser entendida como o antecedente não escrito: “e isto (ou seja, a salvação) não vem...”.

É um princípio há muito reconhecido que em linguagens onde o gênero gramatical de um pronome não pode concordar com o gênero do próprio antecedente, também não pode concordar com o gênero da palavra que o denota.([1]) Neste contexto específico, visto que tanto pistis como charis não são gênero neutro, tampouco podem servir de antecedentes.

Três considerações sugerem que o antecedente (ou seja, a coisa que é o dom de Deus) é a fé (pistis).

(1) Ela é o antecedente imediato e, portanto, o mais natural.
(2) Seria uma tautologia não usual (porém admissivelmente não impossível, como Rm 2.24 e 5.15 indicam) falar da graça como um dom de Deus, já que, por definição, a graça é um dom de Deus.
(3) Ela fornece uma redação coerente do pensamento padrão de Paulo, o qual pode ser parafraseado assim:

Deus nos vivificou – pela graça sois salvos (2.5).
Deus nos ressuscitou – para mostrar sua graça (2.6-7).
E é deveras pela graça que tendes sido salvos (2.8)!
Esta graça, porém, não só não nos envolve como também ignora nossa ação
(a salvação é pela fé, ou seja, envolve nossa resposta ativa).
Não obstante, esta fé ativa, de nossa parte, não prejudica a graça.
Pois até mesmo a capacidade de crer não é nossa independentemente.
A fé (também) é o dom de Deus.
Portanto: a salvação que é pela graça é também pela fé.
Mas, como agora se torna claro, esta salvação,
embora recebida por nossa ação (fé),
não é desse modo “pelas obras”.
Ela envolve nossa atividade,
mas não deixa espaço para nossa vanglória (2.9).
Daí:
a salvação não é obra nossa;
ao contrário, somos feitura de Deus (2.10).

Mesmo que adotemos o ponto de vista de que “ser salvo através da fé” é que forma o antecedente (ponto de vista favorecido por Calvino e outros), haveria ainda um indício de que a fé é um dom da graça. Que a fé, em qualquer caso, é vista por Paulo como um dom, é confirmado em Efésios 6.23, quando ele ora pela “fé, da parte de Deus o Pai e do Senhor Jesus Cristo”. Haveria pouca importância orar pelo que procede do Pai e do Filho, a menos que a fé seja, em algum sentido, conferida por eles. Semelhantemente, Pedro se refere aos crentes como quem “obtiveram fé igualmente preciosa na justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1), o que parece ser uma referência ao conteúdo da fé (fides quae creditur), não do ato (fides qua creditur). Além do mais, no Novo Testamento, o arrependimento (do qual a fé é inseparável) é visto como um dom (At 5.31; 11.18; 2Tm 2.25); não surpreende, pois, se a fé é também vista como um dom da graça. Aqui, pois, se dá prioridade à soberania divina (ela é o sine qua non da fé) sem minimizar a realidade e a significação da atividade dos crentes.

Além do mais, o exercício ativo da fé (quem crê somos nós, não Deus) não compromete a graça da obra do Espírito na implicação da salvação. É da natureza da fé que por meio dela recebamos ativamente a Cristo e a justificação nele, sem contribuir para isso. Acima de tudo, fé é confiança em outro. É a antítese de toda autocontribuição e autoconfiança.

Paulo faz alusão a isso quando diz que a promessa da salvação é pela fé para que a mesma pudesse ser pela graça e ser garantida aos crentes (Rm 4.16). Fé envolve graça sem transformar a salvação em mérito humano.

Warfield expressa isso de um modo pitoresco, quando diz:

O poder salvífico da fé reside, portanto, não nela mesma, mas no Onipotente Salvador em quem ela repousa. Nunca, na Escritura, por causa de sua natureza formal como um ato psíquico, se concebe a fé como sendo salvífica – como se essa disposição mental ou a atitude do coração fosse em si mesma uma virtude que reivindicasse de Deus sua recompensa ... Não é a fé que salva, mas a fé em Jesus Cristo... Estritamente falando, não é nem mesmo a fé em Cristo que salva, mas é Cristo quem salva pela instrumentalidade da fé.([2])

Somos salvos por Cristo através da fé. O poder salvífico da fé não reside nela mesma, mas no objeto de sua confiança. Como G. C. Berkouwer escreve em outra conexão: “A fé não possui um único momento construtivo e criativo; ela repousa única e exclusivamente na realidade da promessa”.([3]) Há um envolvimento total do crente; ao mesmo tempo, porém, a graça não é comprometida. O caráter da salvação pela graça é que ela envolve o homem sem prejudicar a gratuidade da salvação recebida. Otto Weber o expressa bem: “A fé, segundo a compreensão bíblica, consiste não em ser o homem excluído, mas em ser o homem envolvido ao máximo”.[4]

Transcrito do livro O Espírito Santo, pp 171-175; Editora Os Puritanos
[1] Cf. Abraham Kuyper, The Work of the Holy Spirit, tr. H. De Vries (Nova Iorque: Funk & Wagnalls, 1900), p. 412; Robert E. Countess, “Thank God for the Genitive”, Bulletin of the Evangelical Theological Society 12 (1969), pp. 117-122.
[2] Warfield, op. cit., p. 504.
[3] G. C. Berkouwer, The Sacraments (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1969), p. 147.
[4] Otto Weber, Foundations of Dogmatics, tr. Guder (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1983), vol. 2, p. 147.

Fonte: Os Puritanos

Nossa Depravação


Por J. I. Packer 

A Bíblia é enfática ao dizer que o estado de pecado é absolutamente universal. É natural e inevitável que cada pessoa peque. "Pois não há homem que não peque" (1 Rs 8.46). "Todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado... todos se extraviaram... não há quem faça o bem, não há nem um sequer... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.9, 12, 23). "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós" (1 Jo 1.8). A Bíblia explica essa pecaminosidade universal em termos de solidariedade dos homens com Adão (cf. 1 Co 15.22; Rm 5.12 ss.). Adão, ao transgredir, tornou-se pecador por natureza. E os descendentes de Adão já nascem pecadores, e, assim, pecam por natureza. O nome tradicional daquela disposição inerente de antipatia contra Deus e contra a sua lei, que temos herdado de Adão, é pecado original — nome esse que, embora não figure na Bíblia, é muito apropriado, quer consideremos que essa disposição é herdada por nós do primeiro homem, quer pensemos que ela encontra-se em nós desde nossa concepção, ou quer achemos que todos os nossos atos de pecado se originam dela. A Bíblia intitula essa disposição de "a carne", ou "o pendor da carne" (Rm 8.7), ou simplesmente "o pecado que habita em mim" (Rm 7.20; examine os vv. 8-13). Essa atitude controla e determina a conduta de cada homem que não está em Cristo. Onde o Senhor não governa, o pecado o faz.

A descrição bíblica sobre o estado de pecado inclui estes pontos:

1. É um estado de condenação. Isso nos mostra a relação do pecador para com Deus como Juiz, bem como para com os requisitos penais de sua lei, a qual declara: "A alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18.20). "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1) — à parte de Cristo, todos os homens estão sob sentença de morte, tanto devido às suas delinqüências pessoais (cf. Rm 1.32; 2.8, 9), como por causa de sua solidariedade com Adão. Assim como os crentes são justificados por causa de Cristo, por ter-lhes sido imputada a retidão dEle, assim também aqueles que não têm a Cristo são con¬denados por causa de Adão, por lhes ser imputada a transgressão dele. Isso não significa, entretanto, que eles sejam tidos como se tivessem praticado pessoalmente o pecado de Adão, e, sim, que Adão pecou representativamente, em sua capacidade pública de cabeça da raça humana, e que todos os homens estão envolvidos nas conseqüências penais de seu ato pecaminoso. A obrigação penal que nos cabe, em virtude de nossa ligação com Adão, com freqüência tem sido chamada culpa original, estando essa culpa incluída na definição do pecado original.

Em Romanos 5.12 e 15.19, Paulo desdobrou essa noção da culpa original — a idéia é que, quando um pecou, "todos pecaram", e, em razão desse ato, "tornaram-se pecadores".

2. É um estado de contaminação. Isso nos mostra a relação entre o pecador e o Deus santo. Nos dias do Antigo Testamento, Deus muito ensinou, através de vários tabus e rituais de pureza, sobre questões de higiene e de hábitos alimentares, que há coisas que tornam o homem incapaz de ter comunhão com Ele, pois contaminam o homem, tornando-o sujo e, em conseqüência, repelente e inaceitável aos olhos de Deus. Nosso Senhor eliminou e cancelou esses preceitos simbólicos, tendo dito en-faticamente que aquilo que contamina o homem não são os alimentos, mas o pecado. "Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar...? E assim considerou ele puros todos os alimentos. E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura" (Mc 7.18 ss.). Isaías aprendera a lição há séculos. Quando ouviu os serafins proclamarem no templo a santidade de Deus, foi compelido a exclamar: "Ai de mim!... porque sou homem de lábios impuros". Ele foi forçado a reconhecer-se incapaz de ter comunhão com Deus, e, de fato, "perdido" — condenado — face a reação adversa que o Deus santo certamente demonstraria para com a sua imundícia (Is 6.3-5).

3. É um estado de depravação. Isso nos mostra a relação entre o atual estado do pecador e a imagem de Deus, na qual ele foi criado. Em essência, essa imagem era a retidão (cf. Ec 7.29). Conforme fora criado por Deus, o homem possuía uma mente conhecedora da vontade de Deus e um coração que se regozijava nessa vontade, amando-a e praticando-a. Fazia parte da natureza do homem, então, ser santo, como Deus é santo. No entanto, não é assim agora. A mente humana está entenebrecida no tocante às realidades espirituais, a sua vontade se alienou da vontade de Deus, a sua consciência é insensível à voz de Deus (cf. Ef 4.18, 19). O homem tornou-se não apenas fraco, mas tam¬bém mau aos olhos de Deus; e agora é inegavelmente perverso e ímpio (Rm 5.6). Moral e espiritualmente, o caráter do homem estampa a ima¬gem de Satanás, e não a de Deus. Ora, é precisamente isso o que a Bíblia quer dizer quando fala sobre o homem caído no pecado como "filho do diabo" (Jo 8.44; Mt 13.38; At 13.10 e 1 Jo 3.8).

Essa depravação, essa distorção da imagem de Deus, é comumente e corretamente tida como total: não no sentido que no homem tudo é tão mau quanto possa ser, mas no sentido que no homem coisa alguma é tão boa quanto deveria ser. Nada do que o homem faz é bom, nem o exercício de quaisquer de suas faculdades tem qualificação aos olhos de Deus. Até mesmo quando certos homens de moralidade "procedem por natureza de conformidade com a lei" (o que ocorre com certa fre¬qüência — Rm 2.14; cf. Mt 7.11), seus corações mostram-se errados. Cada ação deles é viciada, voltada de alguma maneira para seus próprios interesses, pois o motivo do pecador sempre é algo mais (e, portanto, sempre algo menos) do que o puro amor a Deus, a pura consideração para com a vontade de Deus e ó puro desejo por sua glória. Em cada ato humano, em algum ponto, manifesta-se sempre a corrupção. Deus, que lê o coração, vê tudo isso, mesmo quando o homem nada percebe. "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum" (Rm 7.18).

4. É um estado de incapacidade. Isso nos mostra a relação entre o pecador e Deus na qualidade de Legislador, e os preceitos de sua lei. Deus não alterou a sua santa lei, desde a Queda (e como poderia Ele fazê-lo?). Ele continua exigindo de nós um perfeito amor a Si e ao nosso próximo. Seu direito de ordenar e a retidão daquilo que Ele ordena não é afetado pela depravação de nossa natureza. O que foi afetada foi a nossa capacidade de obedecer aos seus mandamentos. Antes de cair no pecado, Adão tinha em si esta capacidade de obedecer a Deus, mas nós não a temos. Como podemos amar a Deus, se o impulso que vem do mais profundo de nosso ser é inimizade contra Ele? Para nós, isso é simplesmente impossível. "O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus" (Rm 8.7, 8). E quando Deus ordena àqueles que estão na carne que se arrependam (At 17.30) e confiem em seu Filho (Jo 6.28, 29), eles não podem atender enquanto seus corações não forem renovados (cf. Jo 3.5; 6.44; 1 Co 2.14).

Em vista disso, nossa vontade é livre? A resposta mais simples e direta é que nossa vontade é livre, mas nós mesmos não somos. Nossa vontade é livre no sentido que temos a capacidade de fazer aquilo que queremos, no campo das ações morais; mas nós mesmos, como descendentes de Adão, somos escravos do pecado (Jo 8.34; Rm 3.9; 6.16-23). Isto significa que, de fato, jamais haveremos de querer, com todo o nosso coração, fazer a vontade Deus. Portanto, em seu estado pecaminoso, o homem jamais pode agradar a Deus. A tragédia do homem jaz precisamente no fato que a sua vontade é livre e que ele tem o poder de fazer aquilo que quer e escolhe fazer; mas, aquilo que ele quer e escolhe é sempre, de alguma forma, para a autoglorificação, e, portanto, é pecaminoso e ímpio, resultando que tudo quanto o homem faz serve para aumentar a sua condenação.

5. E um estado de ira. Esse termo nos mostra a relação entre o pecador e Deus na qualidade de Rei e, como tal, Juiz (pois nos tempos bíblicos os reis eram juízes, assim como, antes da monarquia, os juízes de Israel na verdade eram reis). No Antigo Testamento, o Rei divino é um guerreiro que batalha contra seus inimigos, impulsionado pela ira, a fim de levá-los à ruína. No Novo Testamento, os pecadores são os inimigos do Rei divino (Rm 5.10) e estão sob a sua ira (Rm 1.18 ss.). O Senhor de todas as coisas, que é o Juiz de toda a terra (Gn 18.25), está agora contra eles. Ora, se Deus está contra os pecadores, segue-se que todas as coisas também lhes são contrárias. Deus governa o seu mundo, mas não para o bem dos pecadores (Rm 1.18-2.16; 1 Ts 2.14-16; Ap 6.15-17).

6. É um estado de morte. Na Bíblia, a morte e a vida não são conceitos primariamente fisiológicos. Antes, são conceitos espirituais e teológicos. A vida significa comunhão com Deus, na experiência de seu amor; a morte significa estar sem esse privilégio. Os pecadores estão num estado de morte (Ef 2.1) e não têm qualquer outra expectativa, senão a de continuarem nesse mesmo estado (Rm 6.23).

domingo, 12 de junho de 2011

Sobre o Dia dos Namorados

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Por Augustus Nicodemus Lopes
Neste domingo 12 de junho se comemora o dia dos namorados. Pediram-me para escrever algo sobre o assunto mas a verdade é que estou meio sem ter o que dizer. Afinal, costumo escrever somente (mas nem sempre) sobre assuntos acerca dos quais eu possa encontrar fundamentação bíblica, um cacoete da minha formação na área de hermenêutica e estudos bíblicos.

O problema é este mesmo. Namorar não fazia parte da cultura do Antigo Oriente Médio, onde e quando a Bíblia foi escrita. Naquela época e naquele lugar o costume era outro. Os casamentos eram normalmente arranjados pelos pais. Havia uma cerimônia inicial de compromisso em que os dois se comprometiam. Depois de algum tempo vinha o casamento propriamente dito.

Assim, é um erro muito grande - e muito comum - pegar passagens bíblicas que se referem ao casamento e aplicar ao namoro. Como querer que a namorada seja submissa usando Efésios 5:22.

Contudo, mesmo não tendo direções específicas na Bíblia com referência a este período chamado de namoro, encontramos princípios gerais que podem ser aplicados. Menciono três deles.

1) A necessidade de pureza - a castidade e a pureza sexual são claramente ensinados na Bíblia. O problema com o namoro é que ele abre a porta para a exploração física dos corpos dos namorados, provocando o excitamento sexual, apalpamento dos órgãos genitais e não infreqüentemente as relações sexuais. Os namorados cristãos devem controlar-se e evitar toda e qualquer situação em que possam ser tentados a avançar o sinal vermelho. Em 1Tessalonicenses Paulo adverte:

Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação (1Tess 4:3-7).

"Defraudar" na passagem acima é você criar desejos e expectativas que não poderá cumprir de maneira lícita. A defraudação acontece quando os dois se excitam sexualmente, ficam prontos para o ato sexual quando o mesmo não pode ser realizado, pois seria fornicação. Portanto, um princípio geral que se aplica ao namoro é que o mesmo deve ser casto, puro e sem provocações à impureza. Não vou aqui cair na armadilha de tentar definir que tipo de beijo pode e que tipo não pode. Acho que o bom senso nos diz que quando a troca de beijos começa a provocar outras coisas, está na hora de parar.

2) A idolatria - consiste em colocar o namorado ou a namorada como o centro da vida, deixando Deus de lado. Comunicações constantes, telefonemas constantes e longos, mensagens de SMS trocadas a cada 15 minutos, emails o dia todo... tudo isso acaba virando uma obsessão que dá em idolatria. O namoro não é para isto. É um período de conhecimento intelectual, emocional e espiritual entre os dois. Namorados costumam se apegar em demasia um ao outro como se o outro fosse capaz de preencher o vazio e a necessidade que cada um de nós tem. Quando um namoro assim acaba, o desespero toma lugar, e não poucas vezes, suicídios. Namorados precisam manter distância segura. Um relacionamento intenso assim é para o casamento, e mesmo então, com cuidado para que não aconteça a idolatria. A Bíblia é clara: o Senhor Jesus é quem deve ter o primeiro lugar em nossas vidas, e somente nEle devemos buscar a plena satisfação para nossa alma cansada, aflita e sedenta.

3) A demora em casar - Paulo ensina que aqueles que não podem conter-se devem casar-se, pois é melhor casar do que viver abrasado (1Cor 7:9). Namoros longos e demorados acabam provocando a fornicação e a impureza sexual. Hoje em dia os jovens começam a namorar cedo demais e casam tarde demais. Começam aos 15 anos e querem casar somente quando tiverem casa própria, emprego fixo, etc - ou seja, aos 30 anos. Neste intervalo de 10 a 15 anos fica muito difícil permanecer casto, virgem e puro. O resultado são as escapadas para os motéis ou o banco de trás dos carros, quando não o próprio quarto em casa dos pais.

Bom, já escrevi aqui antes sobre sexo antes do casamento. Para quem ainda não viu, aqui vai:

Algumas sugestões aos namorados cristãos:

1) Evitem situações de risco. Não fiquem muito tempo sozinhos em locais discretos. Não avancem nas carícias.

2) Leiam a Bíblia e orem juntos. Leiam bons livros sobre namoro e casamento. Freqüentem os cultos, a Escola Dominical e outros grupos de estudo.

3) Não se isolem em si mesmos, procurem a companhia de outros jovens, saiam em grupo para programações sociais.

4) Envolvam os seus pais, procurem conhecê-los e ouçam seus conselhos.

5) Mantenham distância um do outro. Não transforme seu namorado (a) num deus.

6) Namore pensando em casar e não somente para se divertir. Leve o namoro a sério. Namoricos irresponsáveis quebram corações, criam mágoas e ressentimentos e marcam as pessoas.

Se usado dentro dos princípios bíblicos de pureza e dedicação a Deus, o namoro pode ser um período proveitoso de conhecimento mútuo e de preparação para o casamento.

Uma última coisa – tem gente que seria muito mais feliz se não tivesse casado. O celibato (ficar solteiro e puro) é uma opção bíblica válida de vida.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Me COMPADEÇO dos Homossexuais, ODEIO a Homossexualidade e NÃO TEMO a PL 122


Amados, assino embaixo, aliás, ao invés do querido Pr. Josafá parece até mesmo a minha consciência, meus pensamentos a falar, segue:
Pr. Josafá Vasconcelos
“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.”Mateus 9:36
“…Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, ?nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. ?Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” 1 Coríntios 6:9-11
O Senhor Jesus, olhando para as multidões, diz o texto sagrado, se compadeceu delas porque as via como ovelhas que não têm pastor. Ele bem conhecia o seu estado de miséria por causa do pecado. Sofria ao ver milhares, cativos de Satanás, convulsionando ao chão, espumando, andando em meio aos sepulcros, ferindo-se com pedras, maltrapilhos, vendidos ao pecado, como a mulher pecadora apanhada em adultério, infelizes, escravizados ao pecado. Cristo, a imagem de Deus perfeita em contraste com a imagem de Deus desfigurada (em cada um desses pecadores)! É assim que vejo os homossexuais; pecadores como eu, destituídos da glória de Deus, à mercê do diabo que os agrilhoa e faz deles o que quer. São infelizes, como eu era infeliz sem Cristo. Essas pessoas não estão preocupadas com o pecado do homossexualismo, ao praticá-lo, desejam apenas ser “felizes”. Elas foram convencidas pelo Maligno que isto é perfeitamente natural, uma opção legitima que lhes propicia grande satisfação, e por isso, ninguém, por preconceito, possui o direito de lhes coibir.
Ó como estão enganados, e, como gostaria de convencê-los disso! Porque sei que não são felizes, e a pecha que lhes atribuem, “gays” (alegres), não corresponde à realidade. Podem tentar mostrar sua alegria exteriormente, nas suas fantasias coloridas, pintadas com todas as cores do arco-íres, mas, isso de nada adiantará, seus corações continuarão tristes. Esses pobres pecadores estão praticando uma relação que nunca fez parte dos planos de Deus, e usufruindo de uma paixão considerada por Ele como “infame (Rom. 1:26) Oro e choro por eles, porque, as conseqüências serão drásticas. Satanás não quer que eles saibam disto, mas Deus lhes admoesta ao avisar da “merecida punição do seu erro”(Rom 1:27), “o salário do pecado é a morte”!(Rom 6:23) Ronda-lhes o fantasma da AIDS e os terrores do inferno.
Gostaria tanto que os homossexuais soubessem que há esperança, que há solução e completa libertação em Cristo Jesus! Quando Paulo, o Apostolo, chegou em Corinto, uma cidade ímpia ao extremo, havia ali muitas prostituas, muitos homossexuais, chamados de sodomitas, havia um templo dedicado às orgias, idolatrias e superstições; o Diabo reinava tranquilamente. O apostolo sentindo-se intimidado diante de tal cenário foi orar, e o Senhor lhe disse: “[...] pregue não te cales, pois tenho muito povo nesta cidade…”(At. 18:9-10) e assim, depois de um trabalho árduo, mais tarde pode dizer:
“[...] nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas [...] herdarão o Reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.
Ó como gostaria de dizer a mesma coisa aos sodomitas e efeminados de hoje!
Odeio a homossexualidade! Esta prática maligna inventada por Satanás no mais profundo do inferno. Ela foi arquitetada por ele com o propósito de zombar de Deus e de sua obra perfeita, e para a desonra de homens e mulheres. É uma prática vergonhosa, imunda, que escraviza, humilha e degrada a pessoa humana. Não adianta lutar contra o preconceito que, infelizmente, existe nas pessoas, porque ele estará no íntimo de cada praticante; eles próprios se incriminam, marginalizam-se e punem-se a si mesmos. Os homossexuais se enganam ao pensar que assumindo publicamente a prática, se acharão livres, não estarão eles serão rechaçados pela própria consciência, que como verdugo os atormentará. Ó instrumento vil nas mão do sórdido impostor! Ó tridente infernal que atormenta estas pobres almas! Até quando não virá o Justo Juiz, para te julgar, trancafiando-te no teu próprio lugar de origem, juntamente com aquele que te engendrou? Quando deixarás para sempre de insultar a Deus e aviltar os homens? Te odeio homossexualidade vil!
Quem és tu PL122? Lei injusta, usurpadora da liberdade. Pretendes amordaçar os fieis, ameaçando-os de multa e prisão? Não sabes que os que amam a verdade de Deus não se intimidam? Eles já têm sobre si a sentença de morte; morreram com Cristo para este mundo, e a única coisa que desejam é viver para Deus. Nada deterá esses pregoeiros da justiça, nem os fará calar contra esta prática opressora de Satanás, que aflige essas pobres almas, as quais eles amam e desejam que sejam livres através da denúncia contra tal pecado e pela proclamação do Evangelho de Cristo. Esta é a única esperança capaz de libertá-los da condenação eterna. Ó Fútil, ignóbil e imprestável lei, pensas que silenciarás os púlpitos? Invalidarás os blogs e sites dos arautos da verdade? Ainda que fizesses as próprias pedras clamariam, e nos cantos obscuros das masmorras estes homens de Deus, ainda lá estariam orando, consumidos de amor pela pobre alma de cada homossexual, para que seja livre, salva, lavada e santificada em o nome do Senhor Jesus.
Pr. Josafá Vasconcelos
Igreja Presbiteriana da Herança Reformada – Salvador – BA

terça-feira, 7 de junho de 2011

A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras - por Paulo Anglada

 

doutrina que me proponho a considerar neste artigo foi de fundamental importância na Reforma Protestante do Século XVI. Em contraposição, por um lado, à doutrina católica romana de uma tradição oral apostólica e, por outro lado, ao misticismo dos assim chamados entusiastas ou reformadores radicais, os Reformadores defenderam a doutrina da autoridade suprema das Escrituras. Essa foi, portanto, a sua resposta à autoridade da tradição eclesiástica e do misticismo pessoal.


A autoridade suprema das Escrituras também é uma doutrina puritano-presbiteriana. A ela os puritanos tiveram que apelar freqüentemente na luta que foram obrigados a travar contra as imposições litúrgicas da Igreja Anglicana.1 A Confissão de Fé de Westminster professa a referida doutrina em três parágrafos do seu primeiro capítulo. No quarto parágrafo, ela trata da origem ou fundamento da autoridade das Escrituras:

A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.

O parágrafo quinto aborda a questão da certeza ou convicção pessoal da autoridade das Escrituras:
Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço pela Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, a eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a Palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo que, pela Palavra e com a Palavra, testifica em nossos corações.

O décimo e último parágrafo desse capítulo confere às Escrituras (a voz do Espírito Santo) a palavra final para toda e qualquer questão religiosa, reconhecendo-a como supremo tribunal de recursos em matéria de fé e prática:
O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares; o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.

Em dias como os que estamos vivendo, em que cresce a impressão de que o evangelicalismo moderno (particularmente o brasileiro) manifesta profunda crise teológica, eclesiástica e litúrgica,2 convém considerar novamente essa importante doutrina reformado-puritana. Convém uma palavra de alerta contra antigas e novas tendências de usurpar ou limitar a autoridade da Palavra de Deus. Tal é o propósito deste artigo.

I. Definição

O que queriam dizer os Reformadores ao professarem a doutrina da autoridade das Escrituras? Que, por serem divinamente inspiradas, elas são verídicas em todas as suas afirmativas. Segundo esta doutrina, as Escrituras são a fonte infalível de informação que estabelece definitivamente qualquer assunto nelas tratado: a única regra infalível de fé e de prática, o supremo tribunal de recursos ao qual a Igreja pode apelar para a resolução de qualquer controvérsia religiosa.
Isto não significa que as Escrituras sejam o único instrumento de revelação divina. Os atributos de Deus se revelam por meio da criação: a revelação natural (cf. Sl 19:1-4 e Rm 1:18-20). Uma versão da sua lei moral foi registrada em nosso coração: a consciência (cf. Rm 2:14-15), "uma espiã de Deus em nosso peito," "uma embaixadora de Deus em nossa alma," como os puritanos costumavam chamá-la.3 A própria pessoa de Deus, o ser de Deus, revela-se de modo especialíssimo no Verbo encarnado, a segunda pessoa da Trindade (cf. Jo 14.19; Cl 1.15 e 3.9).
Mas, visto que Cristo nos fala agora pelo seu Espírito por meio das Escrituras, e que as revelações da criação e da consciência não são nem perfeitas e nem suficientes por causa da queda, que corrompeu tanto uma como outra, a palavra final, suficiente e autoritativa de Deus para esta dispensação são as Escrituras Sagradas.

II. Base Bíblica

A base bíblica da doutrina reformada da autoridade suprema das Escrituras é tanto inferencial como direta.

A. Base Inferencial

É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da mera inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2 Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do Espírito Santo (cf. 2 Tm 3.16 e 2 Pe 1.21), infere-se que são autoritativas. Na linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras procede da sua autoria divina: "porque é a Palavra de Deus."
Isto não significa que cada palavra foi ditada pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a personalidade daqueles que a escreveram. Os autores bíblicos não escreveram mecanicamente. As Escrituras não foram psicografadas, ou melhor, "pneumografadas." Os diversos livros que compõem o cânon revelam claramente as características culturais, intelectuais, estilísticas e circunstanciais dos diversos autores. Paulo não escreve como João ou Pedro. Lucas fez uso de pesquisas para escrever o seu Evangelho e o livro de Atos. Cada autor escreveu na sua própria língua: hebraico, aramaico e grego. Os autores bíblicos, embora secundários, não foram instrumentos passivos nas mãos de Deus. A superintendência do Espírito não eliminou de modo algum as suas características e peculiaridades individuais. Por outro lado, a agência humana também em nada prejudicou a revelação divina. Seus autores humanos foram de tal modo dirigidos e supervisionados pelo Espírito Santo que tudo o que foi registrado por eles nas Escrituras constitui-se em revelação infalível, inerrante e autoritativa de Deus. Não somente as idéias gerais ou fatos revelados foram registrados, mas as próprias palavras empregadas foram escolhidas pelo Espírito Santo, pela livre instrumentalidade dos escritores.4
O fato é que, por procederem de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas, fiéis, retas, puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19.7-9) e santas (2 Tm 3.15).5

B. Base Direta

Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam autoridade suprema.
Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar palavras de Deus, introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas proféticas, dizendo: "assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra que veio da parte do Senhor."6 No Novo Testamento, vários textos do Antigo Testamento são citados, sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por exemplo: "Assim diz o Espírito Santo..." (Hb 3:7ss).7
A autoridade apostólica também evidencia a autoridade suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava graças a Deus pelo fato de os tessalonicenses terem recebido as suas palavras "não como palavra de homens, e, sim, como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1 Ts 2:13). Que autoridade teria Paulo para exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos? Só há uma resposta razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado não era segundo o homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12).
Jesus também atesta a autoridade suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer controvérsia: "está escrito"8 (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a Escritura não pode falhar."9

III. Usurpações da Autoridade das Escrituras

Apesar da sólida base bíblico-teológica em favor da doutrina reformada da autoridade suprema das Escrituras, hoje, como no passado, deparamo-nos com a mesma tendência geral de diminuir a autoridade das Escrituras. E isso ocorre de duas maneiras: por um lado, há a propensão em admitir fontes adicionais ou suplementares de autoridade, que tendem a usurpar a autoridade da Palavra de Deus. Por outro lado, há a tendência de limitar a autoridade das Escrituras, negando-a, subjetivando-a ou reduzindo o seu escopo.
Com relação à primeira dessas tendências, pelo menos três fontes suplementares usurpadoras da autoridade das Escrituras podem ser identificadas: a tradição (degenerada em tradicionalismo), a emoção (degenerada em emocionalismo) e a razão (degenerada no racionalismo). Sempre que um desses elementos é indevidamente enfatizado, a autoridade das Escrituras é questionada, diminuída ou mesmo suplantada.

A. A Tradição Degenerada em Tradicionalismo

Este foi um dos grandes problemas enfrentados pelo Senhor Jesus. A religião judaica havia se tornado incrivelmente tradicionalista. Havendo cessado a revelação, os judeus, já no segundo século antes de Cristo, produziram uma infinidade de tradições ou interpretações da Lei, conhecidas como Mishnah. Essas tradições foram cuidadosamente guardadas pelos escribas e fariseus por séculos, até serem registradas nos séculos IV e V A.D., passando a ser conhecidas como o Talmude,10 a interpretação judaica oficial do Antigo Testamento até o dia de hoje. Muitas dessas tradições judaicas eram, entretanto, distorções do ensino do Antigo Testamento. Mas tornaram-se tão autoritativas, que suplantaram a autoridade do Antigo Testamento. Jesus acusou severamente os escribas e fariseus da sua época, dizendo:
Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição... invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição que vós mesmos transmitistes... (Mc 7.7-9,13).11
O Apóstolo Paulo também denunciou essa tendência. Escrevendo aos colossenses, ele advertiu:
Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo... Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? (Cl 2.8,20-22).
Quinze séculos depois, os Reformadores se depararam com o mesmo problema: as tradições contidas nos livros apócrifos e pseudepígrafos, nos escritos dos pais da igreja, nas decisões conciliares e nas bulas papais também degeneraram em tradicionalismo. As tradições eclesiásticas adquiriram autoridade que não possuíam, usurpando a autoridade bíblica. É neste contexto que se deve entender a doutrina reformada da autoridade das Escrituras. Trata-se, primordialmente, de uma reação à posição da Igreja Católica.
Isto não significa, entretanto, que a tradição eclesiástica seja necessariamente ruim. Se a tradição reflete, de fato, o ensino bíblico, ou está de acordo com ele, não sendo considerada normativa (autoritativa) a não ser que reflita realmente o ensino bíblico, então não é má. Os próprios Reformadores produziram, registraram e empregaram confissões de fé e catecismos (os quais também são tradições eclesiásticas). Para eles, contudo, esses símbolos de fé não têm autoridade própria, só sendo normativos na medida em que refletem fielmente a autoridade das Escrituras.
O problema, portanto, não está na tradição, mas na sua degeneração, no tradicionalismo, que atribui à tradição autoridade inerente. O tradicionalismo atribui autoridade às tradições, pelo simples fato de serem antigas ou geralmente observadas, e não por serem bíblicas. Essa tendência acaba sempre usurpando a autoridade das Escrituras.

B. A Emoção Degenerada em Emocionalismo

Outra fonte de autoridade que sempre ameaça a autoridade das Escrituras é a emoção, quando degenerada em emocionalismo. Isto quase inevitavelmente conduz ao misticismo. Na esfera religiosa, freqüentemente é dado um valor exagerado à intuição, ao sentimento, ao convencimento subjetivo. Quando tal ênfase ocorre, facilmente esse sentimento subjetivo de convicção, pessoal e interno, é explicado misticamente, em termos de iluminação espiritual e revelação divina direta, seja por meio do Espírito, seja pela instrumentalidade de anjos, sonhos, visões, arrebatamentos, etc.
Não é que Deus não tenha se revelado por esses meios. Ele de fato o fez. Foi, em parte, através desses meios que a revelação especial foi comunicada à Igreja e registrada no cânon pelo processo de inspiração. O que se está afirmando é que o misticismo copia, forja essas formas reais de revelação do passado, para reivindicar autoridade que na verdade não é divina, mas humana (quando não diabólica). Essa tendência não é de modo algum nova. Eis as palavras do Senhor através do profeta Jeremias:
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvido às palavras dos profetas que entre vós profetizam, e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor... Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração?... O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor (Jr 23.16,26,28).
Séculos depois o Apóstolo Paulo enfrentou o mesmo problema. Ele próprio foi instrumento de revelações espirituais verdadeiras, inspirado que foi para escrever suas cartas canônicas. Nessa condição, ele sabia muito bem o que eram sonhos, visões, revelações e arrebatamentos. Mas, ainda assim, advertiu aos colossenses, dizendo: "Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum na sua mente carnal" (Cl 2:18). Tanto Jesus como os apóstolos advertem a Igreja repetidamente contra os falsos profetas, os quais ensinam como se fossem apóstolos de Cristo, mas que não passam de enganadores.
Pois bem, sempre que tal coisa ocorre, a autoridade das Escrituras é ameaçada. O misticismo, como degeneração das emoções (não se pode esquecer que também as emoções foram corrompidas pelo pecado) tende sempre a usurpar, a competir com a autoridade das Escrituras, chegando mesmo freqüentemente a suplantá-la. Na época dos Reformadores não foi diferente. Eles combateram grupos místicos por eles chamados de entusiastas12 que reivindicavam autoridade espiritual interior, luz interior, revelações espirituais adicionais que suplantavam ou mesmo negavam a autoridade das Escrituras. Esta tem sido igualmente uma das características mais comuns das seitas modernas, tais como mormonismo, testemunhas de Jeová, adventismo do sétimo dia, etc. Entre os movimentos pentecostais e carismáticos também não é incomum a emoção degenerar em emocionalismo, produzindo um misticismo usurpador da autoridade das Escrituras.

C. A Razão Degenerada em Racionalismo

A ênfase exagerada na razão também tende a usurpar a autoridade das Escrituras. O homem, devido a sua natureza pecaminosa, sempre tem resistido a submeter sua razão à autoridade da Palavra de Deus. A tendência é sempre tê-la (a razão) como fonte suprema de autoridade. Isto foi conseqüência da queda. Na verdade, foi também a causa, tanto da queda de Satanás como de nossos primeiros pais. Ambos caíram por darem mais crédito às suas conclusões do que à palavra de Deus. Desde então, essa soberba mental, essa altivez intelectual tem tendido sempre a minar a autoridade da Palavra de Deus, oral (antes de ser registrada) ou escrita.
Por que o ser humano, tendo conhecimento de Deus, não o glorifica como Deus nem lhe é grato? O Apóstolo Paulo explica: porque, suprimindo a verdade de Deus (Rm 1:18), "...se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos... pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura, em lugar do Criador...’’ (Rm 1:21-22,25).
Esta tem sido, sem dúvida, a causa de uma infinidade de heresias e erros surgidos no curso da história da Igreja. A heresia de Marcião, o gnosticismo, o arianismo, o docetismo, o unitarianismo, e mesmo o arminianismo são todos erros provocados pela dificuldade do homem em submeter sua razão à revelação bíblica. Todos preferiram uma explicação racional, lógica, em lugar da explicação bíblica que lhes parecia inaceitável. Assim, Marcião concebeu dois deuses, um do Antigo e outro do Novo Testamento. Por isso, também o gnosticismo fez distinção moral entre matéria e espírito. Já o arianismo originou-se da dificuldade de Ario em aceitar a eternidade de Cristo. Do mesmo modo, o docetismo surgiu da dificuldade de alguns em admitir um Cristo verdadeiramente divino-humano. O unitarianismo, por sua vez, decorre da recusa em aceitar a doutrina bíblica da Trindade, enquanto que o arminianismo surgiu da dificuldade de Armínio em conciliar a doutrina da soberania de Deus com a doutrina da responsabilidade humana (rejeitando a primeira).
A tendência da razão em usurpar a autoridade das Escrituras tem sido especialmente forte nos últimos dois séculos. O desenvolvimento científico e tecnológico instigou a soberba intelectual do homem. Assim, passou-se a acreditar apenas no que possa ser constatado, comprovado, pela razão e pela lógica. A ciência tornou-se a autoridade suprema, a única regra de fé e prática. E a Igreja passou a fazer concessões e mais concessões, na tentativa de harmonizar as Escrituras com a razão e com a ciência. O relato bíblico da criação foi desacreditado pela teoria da evolução; os milagres relatados nas Escrituras foram rejeitados como mitos; e muitos estudiosos das Escrituras passaram a assumir uma postura crítica, não mais submissa aos seus ensinos. Foi assim que surgiu o método de interpretação histórico-crítico em substituição ao método histórico-gramatical. Nele, é a suprema razão humana que determina o que é escriturístico ou mera tradição posterior, o que é milagre ou mito, o que é verdadeiro ou falso nas Escrituras.
Mas antes de se atribuir tanta autoridade à ciência, convém considerar a sua história. Quão falível e mutável é! A grande maioria dos "fatos" científicos de dois séculos atrás já foram rejeitados pela própria ciência. Além disso, com que freqüência meras teorias e hipóteses científicas são tomadas como fatos científicos comprovados!13

IV. Limitações da Autoridade das Escrituras

Além das tendências que acabei de considerar, propensas a usurpar a autoridade das Escrituras, existem outras, que tendem a limitar a autoridade bíblica, negando-a, subjetivando-a ou reduzindo o seu escopo. É o que têm feito a teologia liberal, a neo-ortodoxia e o neo-evangelicalismo, com relação a três dos principais aspectos da doutrina da autoridade das Escrituras. Estas três concepções de "autoridade" bíblica precisam ser entendidas. Elas estão sendo bastante divulgadas em nossos dias, e são, em certo sentido, até mais perigosas do que as tendências anteriormente mencionadas, por serem mais sutis. Este assunto pode ser melhor entendido considerando-se os três principais aspectos da doutrina da autoridade das Escrituras: sua origem (ou base), certeza (ou convicção) e escopo (ou abrangência).

A. Origem ou Base da Autoridade das Escrituras

A origem ou base da autoridade das Escrituras, como já foi mencionado, encontra-se na sua autoria divina. As Escrituras são autoritativas porque são de origem divina: o Espírito Santo é o seu autor primário. Para os Reformadores, as Escrituras são autoritativas porque são a Palavra de Deus inspirada. Por isso são infalíveis, inerrantes, claras, suficientes, etc.
A teologia liberal (racionalista) nega a própria base da autoridade da Escritura, negando a sua origem divina. Para ela, as Escrituras são mero produto do espírito humano, expressando verdades divinas conforme discernidas pelos seus autores, bem como erros e falhas características do homem. Sua autoridade, portanto, não é divina nem inerente, mas humana, devendo ser determinada pelo julgamento da razão crítica. Eis o que afirmam: "A verdade divina não é encontrada em um livro antigo, mas na obra contínua do Espírito na comunidade, conforme discernida pelo julgamento crítico racional."14 De acordo com a teologia liberal, "nós estamos em uma nova situação histórica, com uma nova consciência da nossa autonomia e responsabilidade para repensar as coisas por nós mesmos. Não podemos mais apelar à inquestionável autoridade de um livro inspirado."15

B. Certeza da Autoridade das Escrituras

A certeza ou convicção da autoridade das Escrituras16 provém do testemunho interno do Espírito Santo. A excelência do seu conteúdo, a eficácia da sua doutrina e a sua extraordinária unidade são algumas das características das Escrituras que demonstram a sua autoridade divina. Contudo, admitimos que "a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela Palavra e com a Palavra, testifica em nossos corações."17
O testemunho da Igreja com relação à excelência das Escrituras pode se constituir no meio pelo qual somos persuadidos da sua autoridade, mas não na base ou fundamento da nossa persuasão. A nossa persuasão da autoridade da Bíblia dá-se por meio do testemunho interno do Espírito Santo com relação à sua inspiração. Na concepção reformada, se alguém crê, de fato, na autoridade suprema das Escrituras como regra de fé e prática, o faz como resultado da ação do Espírito Santo. É ele, e só ele, quem pode persuadir alguém da autoridade da Bíblia.
Essa persuasão não significa de modo algum uma revelação adicional do Espírito. Significa, sim, que a ação do Espírito na alma de uma pessoa, iluminando seu coração e sua mente em trevas, regenerando-a, fazendo-a nova criatura, dissipa as trevas espirituais da sua mente, remove a obscuridade do seu coração, permitindo que reconheça a autoridade divina das Escrituras. O Apóstolo Paulo trata deste assunto escrevendo aos coríntios. Ele explica, na sua primeira carta, que, "o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14). O homem natural, em estado de pecado, perdeu a sua capacidade original de compreender as coisas espirituais. Ele não pode, portanto, reconhecer a autoridade das Escrituras; ele não tem capacidade para isso. Na sua segunda carta aos coríntios o Apóstolo é ainda mais explícito, ao observar que,
...se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus... Porque Deus que disse: de trevas resplandecerá luz —, ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (2 Co 4.3-4,6).
O que Paulo afirma aqui é que o homem natural, o incrédulo, está cego como resultado da obra do diabo, que o fez cair. Nesse estado, ele está como um deficiente visual, que não consegue perceber nem mesmo a luz do sol. Pode-se compreender melhor o testemunho interno do Espírito com esta ilustração. O testemunho do Espírito não é uma nova luz no coração, mas a sua ação através da qual ele abre os olhos de um pecador, permitindo-lhe reconhecer a verdade que lá estava, mas não podia ser vista por causa da sua cegueira espiritual.
Deve-se ter em mente, entretanto — e esse é o ponto enfatizado aqui —, que esse testemunho interno do Espírito Santo diz respeito à certeza do crente com relação à plena autoridade das Escrituras, e não à própria autoridade inerente das Escrituras. A convicção de um crente de que as Escrituras têm autoridade é subjetiva, mas a autoridade das Escrituras é objetiva. Esteja-se ou não convencido da sua autoridade, a Bíblia é e continua objetivamente autoritativa. A neo-ortodoxia existencialista confunde estas coisas e defende a subjetividade da própria autoridade da Bíblia. Para eles, a revelação bíblica só é verdade divina quando fala ao nosso coração. Como dizem, "as Escrituras não são, mas se tornam a Palavra de Deus" quando existencializadas.18

C. Escopo da Autoridade das Escrituras
Essas posições da teologia liberal e da neo-ortodoxia com relação à origem e à certeza da autoridade das Escrituras são seríssimas. Contudo, talvez mais séria ainda (por ser mais sutil) é a questão relacionada ao escopo da autoridade das Escrituras.
Uma nova concepção da autoridade das Escrituras tem surgido entre os eruditos evangélicos (inclusive reformados de renome, tais como G. C. Berkouwer19), conhecida como neo-evangélica. O neo-evangelicalismo limita o escopo (a área) da autoridade das Escrituras ao seu propósito salvífico. Segundo essa concepção, a autoridade das Escrituras limita-se à revelação de assuntos diretamente relacionados à salvação, a assuntos religiosos.20
A doutrina neo-evangélica faz diferença entre o conteúdo salvífico das Escrituras e o seu contexto salvífico, reivindicando autoridade e inerrância apenas para o primeiro. Mas tal posição não reflete nem se coaduna com a posição reformada e protestante histórica. Para esta, o escopo da autoridade das Escrituras é todo o seu cânon. É verdade que a Bíblia não se propõe a ser um compêndio científico ou um livro histórico. Mas, ainda assim, todas as afirmativas nelas contidas, sejam elas de caráter teológico, prático, histórico ou científico, são inerrantes e autoritativas.21
Os principais problemas relacionados com a posição neo-evangélica quanto à autoridade das Escrituras são os seguintes: Primeiro, como distinguir o conteúdo salvífico do seu contexto salvífico? É impossível. As Escrituras são a Palavra de Deus revelada na história. Segundo, como delimitar o que está ou não está diretamente relacionado ao propósito salvífico, se o propósito da obra da redenção não é meramente salvar o homem, mas restaurar o cosmo? Que porções das Escrituras ficariam de fora do escopo da salvação? Como Ridderbos admite, "a Bíblia não é apenas o livro da conversão, mas também o livro da história e o livro da Criação..."22 Que áreas da vida humana ficariam de fora da obra da redenção? A arte, a ciência, a história, a ética, a moral? Quem delimitaria as fronteiras entre o que está ou não incluído no propósito salvífico? Admitir, portanto, o conceito neo-evangélico de autoridade das Escrituras é cair na cilada liberal do cânon dentro do cânon, e colocar a razão humana como juiz supremo de fé e prática, pois neste caso competirá ao homem determinar o que é ou não propósito salvífico.

Conclusão

Em última instância, a questão da autoridade das Escrituras pode ser resumida na seguinte pergunta: quem tem a última palavra, Deus, falando através das Escrituras, ou o homem, por meio de suas tradições, sentimentos ou razão? A resposta dos Reformadores foi clara. Embora reconhecendo que o propósito especial das Escrituras não é histórico, moral ou científico, mas salvífico, eles não diminuíram a sua autoridade de forma alguma: nem por adições ou suplementos, nem por reduções ou limitações de qualquer natureza. A fé reformado-puritana reconhece a autoridade de todo o conteúdo das Escrituras, e sua plena suficiência e suprema autoridade em matéria de fé e práticas eclesiásticas.
Tão importante foi a redescoberta destas doutrinas pelos Reformadores, que pode-se afirmar que, da aplicação prática das mesmas, decorreu, em grande parte, a profunda reforma doutrinária, eclesiástica e litúrgica que deu origem às igrejas protestantes. Todas as doutrinas foram submetidas à autoridade das Escrituras. Todos os elementos de culto, cerimônias e práticas eclesiásticas foram submetidos ao escrutínio da Palavra de Deus. A própria vida (trabalho, lazer, educação, casamento, etc.) foi avaliada pelo ensino suficiente e autoritativo das Escrituras. Muito entulho doutrinário teve que ser rejeitado. Muitas tradições e práticas religiosas acumuladas no curso dos séculos foram reprovadas quando submetidas ao teste da suficiência e da autoridade suprema das Escrituras. E a profunda reforma religiosa do século XVI foi assim empreendida.
Mas muito tempo já se passou desde então. O evangelicalismo moderno recebeu, especialmente do século passado, um legado teológico, eclesiástico e litúrgico que precisa ser urgentemente submetido ao teste da doutrina reformada da autoridade suprema das Escrituras. É tempo de reconsiderar as implicações desta doutrina. É tempo de reavaliar a nossa fé, nossas práticas eclesiásticas e nossas próprias vidas à luz desta doutrina. Afinal, admitimos que a Igreja reformada deve estar sempre se reformando — não pela conformação constante às últimas novidades, mas pelo retorno e conformação contínuos ao ensino das Escrituras.
Sabendo que a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona em direção ao erro e ao pecado, conhecendo o engano e a corrupção do nosso próprio coração, reconhecendo os dias difíceis pelos quais passa o evangelicalismo moderno (particularmente no Brasil), e a ojeriza doutrinária, a exegese superficial e a ignorância histórica que em grande parte caracterizam o evangelicalismo moderno no nosso país, não temos o direito de assumir que nossa fé e práticas eclesiásticas sejam corretas, simplesmente por serem geralmente assim consideradas. É necessário submeter nossa fé e práticas eclesiásticas à autoridade suprema das Escrituras.
Assim fazendo, não é improvável que nós, à semelhança dos Reformadores, também tenhamos que rejeitar considerável entulho teológico, eclesiástico e litúrgico acumulados nos últimos séculos. Não é improvável que venhamos a nos surpreender, ao descobrir um evangelicalismo profundamente tradicionalista, subjetivo e racionalista. Mas não é improvável também que venhamos a presenciar uma nova e profunda reforma religiosa em nosso país. Que assim seja!

Notas

1 Ver, por exemplo, William Ames, A Fresh Suit against Human Ceremonies in God’s Worship (Rotterdam, 1633); David Calderwood, Against Festival Days, 1618 (Dallas: Naphtali Press, 1996); George Gillespie, Dispute against the English Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland (Edinburgh: Robert Ogle and Oliver & Boyd, 1844); e John Owen, "A Discourse concerning Liturgies and their Impositions," em The Works of John Owen, vol. 15 (Edinburgh: The Banner of Truth Trust, 1965).
2 Cf. John MacArthur Jr., Com Vergonha do Evangelho: Quando a Igreja se torna como o Mundo (São José dos Campos: Editora Fiel, 1997) e Paulo Romeiro, Evangélicos em Crise: Decadência Doutrinária na Igreja Brasileira (São Paulo: Mundo Cristão, 1995).
3 Ver capítulo sobre a "Consciência Puritana," em J. I. Packer, Entre os Gigantes de Deus: Uma Visão Puritana da Vida Cristã (São José dos Campos: Editora Fiel, 1991), 115-132.
4 Sobre o conceito reformado de inspiração e infalibilidade (inerrância) das Escrituras, ver L. Berkhof, Introducción a la Teología Sistemática (Grand Rapids: The Evangelical Literature League, [1973]), 159-190; A. A. Hodge, Evangelical Theology: A Course of Popular Lectures (Edinburgh and Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1976), 61-83; Loraine Boettner, Studies in Theology (Phillipsburg and New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1978), 9-49; e J. C. Ryle, Foundations of Faith: Selections From J. C. Ryle’s Old Paths (South Plainfield, New Jersey: Bridge Publishing, 1987), 1-39.
5 Cf. também Salmo 119.39, 43, 62, 75, 86, 89, 106, 137, 138, 142, 144, 160, 164, 172; Mateus 24.34; João 17.17; Tiago 1.18; Hebreus 4.12 e 1 Pedro 1.23,25.
6 Lloyd-Jones afirma que essas expressões são usadas 3.808 vezes no Antigo Testamento; e que os que assim se expressavam estavam deixando claro que não expunham suas próprias idéias ou imaginações. D. Martin Lloyd-Jones, Authority (Edinburgh and Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1984), 50.
7 Ver também Atos 28.25 e Hebreus 4.3, 5.6 e 10.15-16.
8 O termo empregado é gegraptai (gegraptai). O tempo (perfeito) indica uma ação realizada no passado, cujos resultados permanecem no presente: foi escrito e permanece válido, falando com autoridade.
9 Outras evidências da autoridade divina das Escrituras são apresentadas por Lloyd-Jones, Authority, 30-50; e por John A. Witmer, "The Authority of the Bible," Bibliotheca Sacra 118:471 (July 1961): 264-27.
10 O Talmud inclui também a Gemara, comentários rabínicos sobre o Mishnah, escritos entre 200 e 500 AD (C. L. Feinberg, "Talmude e Midrash," em J. D. Douglas, ed., O Novo Dicionário da Bíblia, vol. 3 (São Paulo: Edições Vida Nova, 1979), 1560-61.
11 Conferir também Mt 15.3ss.
12 Berkhof, Introducción a la Teología Sistemática, 207.
13 Um exemplo bem atual: há poucos dias atrás, cientistas anunciaram que pesquisas feitas com o DNA dos fósseis do assim chamado homem de Neanderthal — até então "inquestionavelmente" considerado um dos antepassados mais recentes do homem na cadeia evolutiva —, revelam que esses ossos nada têm a ver com a raça humana. Exemplos como estes repetem-se continuamente, e deveriam tornar-nos cautelosos em atribuir à ciência autoridade maior do que a da revelação bíblica.
14 C. Pinnock, citado por Keun-Doo Jung, "A Study of the Authority with Reference to The Westminster Confession of Faith." (Tese de Mestrado, Potchefstroom [South Africa] University for Christian Higher Education, 1981), 45.
15 G. D. Kaufman, ibid., 45.
16 Ensinada no parágrafo V do capítulo I da Confissão de Fé de Westminster.
17 Ibid.
18 Outros dados sobre a importância da doutrina reformada da autoridade das Escrituras em relação à teologia liberal e à neo-ortodoxia podem ser obtidos em Lloyd-Jones, Authority, 30-61; John A. Witmer, "Biblical Authority in Contemporary Theology," Bibliotheca Sacra 118:469 (January 1961), 59-67; e Kenneth S. Kantzer, "Neo-Orthodoxy and the Inspiration of Scripture," Bibliotheca Sacra 116:461 (January 1959), 15-29.
19 Ver G. C. Berkouwer, Studies in Dogmatics: Holy Scripture (Grand Rapids: Eerdmans, 1975) e Ronald Gleason, "In Memoriam: Dr. Gerrit Cornelius Berkouwer," Modern Reformation 5:3 (May/June 1996), 30-32.
20 Alguns eruditos têm considerado a doutrina reformada tradicional da autoridade das Escrituras conforme ensinada pelos teólogos de Princeton, tais como Charles Hodge (1797-1878), Alexander Hodge (1823-1886) e B. B. Warfield (1851-1921), como um desvio do ensino dos Reformadores e da Confissão de Fé de Westminster. Ver, por exemplo, Ernest Sandeen, The Roots of Fundamentalism: British and American Millenarianism, 1800-1930 (Chicago: University of Chicago Press, 1970). Alguns, como Jack Rogers e Donald McKim, The Authority and Interpretation of the Bible: A Historical Approach (San Francisco: Harper & Row, 1979), chegam a defender que a doutrina reformada das Escrituras encontra seus legítimos representantes em Abraham Kuyper (1837-1920) e Herman Bavinck (1854-1921), os quais teriam se antecipado aos esforços de Karl Barth e G. C. Berkouwer no sentido de restaurar a verdadeira tradição reformada. Outros, entretanto, têm demonstrado que estas teses não procedem, visto que os teólogos de Princeton estão em substancial harmonia com outros que os antecederam, e com Kuyper e Bavinck. Ver Randall H. Balmer, "The Princetonians and Scripture: A Reconsideration," Westminster Theological Journal 44:2 (1982): 352-365; e Richard B. Gaffin, Jr., "Old Amsterdam and Inerrancy?," Westminster Theological Journal 44:2 (1982), 250-289; 45:2 (1983): 219-272.
21 Uma demonstração da posição reformada e protestante histórica da inerrância das Escrituras em português pode ser encontrada em John H. Gerstner, "A Doutrina da Igreja sobre a Inspiração Bíblica," em James Montgomery Boice, ed., O Alicerce da Autoridade Bíblica, 2a ed. (São Paulo: Vida Nova, 1989), 25-68.
22 Herman Ridderbos, Studies in Scripture and its Authority (Grand Rapids: Eerdmans, 1978), 24.