“Eu creio no cristianismo, assim como creio que o sol se levantou; não porque eu o vejo, mas porque por ele vejo todas as demais coisas”.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Com o apoio deste blogueiro, segue abaixo o manifesto do chanceler da Universidade Mackenzie:


Leitura: Salmo
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.
Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie"

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

IMPÉRIO ROMANO DE NEW YORK

Durante alguns séculos Roma governou o mundo de modo aparentemente justo, estabelecendo o que ficou conhecido por “pax romana”. Vivemos hoje tempos muito semelhantes. A similitude entre a cultura e modo de vida do império romano e dos nossos dias é assustadora e deve nos dar que pensar. Alguns dos aspectos em comum são flagrantes e preocupantes:

Casamento
No império romano a centralidade do casamento foi desaparecendo. A certa altura casar e divorciar-se era algo que levava apenas alguns meses. Há relatos de nobres romanos que tiveram mais de 10 casamentos, todos eles legítimos e todos eles acabados em divórcio. A banalidade da instituição minou toda a sociedade romana, deixando gerações inteiras sem pais que os criassem. As crianças eram entregues à escolas, amas e mestres desde muito cedo. Cresciam sem amor, sem disciplina e sem bases. Revivemos hoje em nossas cidades essa realidade com metade dos casamentos acabando em divórcio e crianças sendo criadas por creches e amas porque os pais não têm tempo para seus filhos.

Sexualidade

O Sexo tomou lugar central na vida romana e as orgias passaram a ser algo comum e desejável. A prostituição foi exaltada a ponto de algumas dessas mulheres freqüentarem o senado, sentarem-se nos banquetes reais e até no trono de Roma. O homossexualismo era banal, depravado e aberrante bem como o sexo com animais. A exaltação da pornografia e do corpo nu é vista nas esculturas que chegam até nós e nos afrescos que sobreviveram ao tempo. Revivemos hoje essa realidade com a TV e Internet cheios de pornografia, o sexo idolatrado como centro e objetivo da vida e a prostituição e homossexualismo invadindo a sociedade e se impondo como algo normal e até mesmo obrigatório.

Violência
O Império Romano foi possuído de extrema violência que se notava nas cidades e nas guerras de conquista. A violência urbana estava fora de controle em muitas cidades grandes como Roma, Alexandria e Éfeso. Gangues dominavam ruas e bairros controlando o comércio local e impondo regras. As guerras alimentavam a máquina de estado empregando muita gente e trazendo muito despojo à capital do império. Revivemos hoje o mesmo cenário. Nossas cidades estão nas mãos de malfeitores, traficantes e chefes de gangues. As guerras se multiplicam por interesses nacionais como petróleo, gás e pedras preciosas. O mundo é do mais forte e o governo americano, por exemplo, depende dos esforços de guerra para manter boa parte de sua economia de pé.

Corrupção

Roma se tornou com o tempo sinônimo de corrupção e suborno. As estórias de governantes ladrões que enriqueciam ilicitamente se multiplicavam. No senado os cargos eram comprados e as votações marcadas. Designações de posições políticas de governadores e prefeitos eram feitas por amizade e interesse e não por capacidade. Vários imperadores ocuparam o trono depois de distribuir dinheiro entre as legiões, guarda pretoriana e senado. Parece até que estamos falando da ultima campanha política ou das ultimas eleições que assistimos. Hoje nos orgulhamos da nossa democracia mas a verdade por trás dela é a podridão da corrupção que a cada dia chega aos jornais. Já nos acostumamos com o mal cheiro nem notamos mais os subornos, desvios de verbas e simonia e reelegemos aqueles que meses antes deveriam ter sido presos por roubo.

Comércio
Tirando suas legiões, o poderia de Roma se estabeleceu pelo comércio que passou a dominar em todo o mundo mediterrânico. A força do materialismo cresceu no império e as pessoas se dedicavam à produção e troca de produtos os mais variados.  Os romanos propriamente ditos se regalavam de todo tipo de novidades. Cidades como Pompéia revelam em seus escombros a superficialidade e futilidade da vida dos patrícios que investiam no luxo e no lazer. Exatamente como hoje em nosso mundo.  Compramos e acumulamos todo tipo de coisas independentemente de nossa real necessidade. O comércio é de tal modo importante em nosso mundo que uma crise ameaça toda a nossa forma de vida.

Entretenimento

Para os romanos o entretenimento se tornou uma industria. Era muito mais que algo para matar o tempo ou gastar horas vagas. Tornou-se uma forma de vida, um alvo da existência. A fórmula da governação passou a ser “pão e circo” exatamente porque se o povo tivesse isso estava feliz. As produções romanas do coliseu em nada ficariam a dever a Hollywood.  Eram empregues milhares de trabalhadores, centenas de gladiadores e animais. Os lutadores mais famosos foram imortalizados em canções e pôsteres que chegaram até nós.  Eram ídolos do povo.  Os jogos eram muito mais que divertimento, se tornaram a vida.  E hoje revivemos tudo isso.  A indústria do entretenimento consome milhões e lucra bilhões porque o homem moderno quer anestesia para sua vida sem propósito.  Os atores, atrizes e jogadores famosos, qual gladiadores do passado, são famosos, idolatrados e suas vidas são ambicionadas.  Somos romanos outra vez, apenas temos o circo em casa, numa caixa em cima do móvel da sala.

Natureza
A natureza era deificada na cultura romana.  Havia deuses para todos os aspectos da natureza e ela era adorada em várias formas.  Os animais de estimação recebiam cuidado extra, havendo relatos de senhores romanos com verdadeiros zoológicos particulares. As senhoras de rama apreciavam vários tipos de animais de estimação que eram tratados com requinte tendo escravos só para tratar de suas necessidades.  Na mesma Roma que tinha centenas de “pets”,  milhares de escravos tentavam sobreviver. Voltamos ao endeusamento da natureza em nosso dias, com a conservação da mesma à cabeça das agendas políticas. Tratamos certos tipos de plantas e animais em extinção bem melhor que a maioria dos seres humanos e muitíssimo melhor que os milhões que morrem de fome. Animais de estimação em nossa cultura tem novamente lugar de honra.  Há lojas, boutiques, clinicas, salões de beleza e hospitais para eles. Na mesa cidade em que milhares de cães e gatos vivem no ócio e na obesidade, crianças e idosos dormem nas ruas procurando no lixo algo para matar a fome.

Religião

Roma era o paraíso das religiões exóticas.  Todo tipo de culto florescia nela. Qualquer charlatão com algum carisma conseguia arrecadar dinheiro e seguidores.  As religiões de mistério do oriente como o culto de Isis e de Mitra tinham milhares de fiéis. Organizações secretas proliferavam dentro e fora das legiões.  Os romanos amavam a magia, o ocultismo e as coisas da espiritualidade.  Nossa cultura adotou tudo isso.  As religiões estranhas florescem hoje.  Os ritos orientais invadem o ocidente e recebem grande aprovação. Religiões e seitas de mistério estão em alta bem como o renascer de cultos antigos como os cultos celtas.
A magia, bruxaria e espiritualismo tem grande aceitação. O homem moderno (como o romano) valoriza a espiritualidade e as organizações secretas (maçonaria e companhia) ganham adeptos e até publicidade (inclusive no cinema).

Tolerância
O governo romano sempre se orgulhou de sua tolerância. Dentro do império romano havia lugar para tudo e todos. Praticamente qualquer tipo de culto, prática, crença ou hábito era tolerado e aí residia, pelo menos em teoria, a grandeza de Roma. O império só não pode tolerar a nova fé cristã com sua afirmação de senhorio de Cristo. A exclusividade da salvação pela fé em Jesus foi ofensiva demais para a tolerância romana e o império respondeu aos cristãos co tortura e morte em massa.

Revivemos hoje essa experiência. A nova era é tolerante com tudo e todos. As “escolhas” individuais tem que ser protegidas e a privacidade tem que ser respeitada. As religiões, modos de vida, opções de sexualidade, etc, são consideradas terreno intocável. A única exceção parece ser o cristianismo bíblico. Todos tem direito ao seu lugar menos o crente que afirma a sua fé em Jesus. Tudo é tolerado menos o cristão que declara sua crença num Deus criador e salvador da humanidade. Mesmo as religiões mais “tolerantes” como o hinduísmo e budismo (tão fortes na Índia) atacam os cristãos massacrando crentes e destruindo igrejas. Parece mesmo que Roma renasceu.

Diante de um panorama como esse de que serve o paralelo?  Qual a utilidade de verificarmos a semelhança entre o mundo greco-romano e o nosso?  Muita!  Sabemos o que aconteceu com o mundo romano e podemos aprender com a história.  Tiramos três conclusões maiores dessa reflexão:

1) O Império Romano caiu.
Apodreceu na base porque destruiu o casamento e permitiu a proliferação da corrupção, da violência, da depravação moral e da superficialidade da vida humana. O grande império foi derrotado pelos desprezados bárbaros do norte que levaram o mundo para uma era de trevas. Nosso mundo está a caminho da queda. Não podemos continuar minando as bases sem sofrer as consequências devidas. Nossas bases estão também apodrecendo e a queda é só uma questão de tempo. Já vimos um pouco do que uma crise econômica mundial pode fazer quando ameaça o consumismo, nosso modo de vida. As crises voltarão e a queda será inevitável.

2) O Império perseguiu furiosa e cruelmente os cristãos e o cristianismo.
O mesmo sucederá conosco. Não nos enganemos. As leis se tornarão cada vez mais restritivas e a liberdade crescerá para todos menos os cristãos. A tolerância se tornará lei e será imposta. A nossa firmeza nos pontos básicos da fé cristã será cada vez mais interpretada como teimosia e intolerância e isso será punido severamente. A igreja que deseja permanecer fiel à palavra e o crente que quiser viver de acordo com a vontade do pi devem se preparar para tempos difíceis.

3) O Novo Testamento foi escrito no contexto do mundo greco-romano e para crentes que viviam nessa realidade.

 A nossa proximidade a esse contexto sócio cultural deveria nos levar a entender a atualidade e relevância das escrituras. O que Jesus ensinou e os apóstolos reiteraram foi para uma cultura idêntica à nossa. Paulo, se fosse trazido hoje ao século XXI estranharia a tecnologia, mas se identificaria plenamente com nossas dificuldades culturais.

O texto sagrado que temos é atual, útil e relevante para a vida no século XXI. Louvemos a Deus por isso e dediquemos tempo à palavra. Aquilo que Paulo escreveu aos romanos a 2 mil anos continuam perfeitamente atual: “não vos conformeis a este mundo mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.